Esperei-lhe no parque central as 15 hrs conforme havíamos combinado. Naquele dia eu usava as mesmas roupas de sempre: Calça Jean's rasgada, All Star vermelho e minha camiseta preferida dos Beatles.
E pra variar, você se atrasou novamente. Lembro-me que você chegou quase 30 minutos depois do combinado. E também lembro que a primeira coisa que eu senti ao você se aproximar foi o cheiro amadeirado do seu perfume que me entorpecia os sentidos. Sem falar que seu cheiro ficou impregnado em minha camiseta por uns 3 dias...
Ao você se aproximar lembro-me de reparar em como o vento balançava e brincava com seus cabelos, e de que como eu adoro a estranha combinação do seu All Star azul com seu vestido lilás. Aquele vestido que eu adorava dizer que era roxo lembra?
Eu conseguia ver o meu rosto refletido nos seus lindos olhos verdes, e eu adorava a forma sincera com que você sorria. Seu óculos de aro escuro e as covinhas em sua bochecha simplesmente me encantavam.
E o que eu poderia dizer de toda aquela explosão de sensações e pensamentos que tomavam conta de mim assim que você se aproximava? Como eu poderia descrever os calafrios que percorriam minha espinha e o suor que insistia em sair de minhas mãos?
Simplesmente indescritível, assim como você.
Lembro-me de que por horas conversamos e filosofamos sobre o tempo, sobre o amor e sobre a morte. Estranhamente nós conseguimos fazer a ligação dos três temas de uma forma tão natural que eu cheguei a pensar que você havia lido e decorado os mesmos versos de Stendhal e Schopenhauer que eu havia lido até a exaustão na noite passada. Nossos pensamentos, sonhos, desejos e gostos se conectaram de tal forma que tudo parecia ensaiado.
E no fim de nossas divagações, nos restava apenas aquele silêncio bobo, simples e sagrado.
E era naquele momento que eu conseguia ouvir todas aquelas canções inaudíveis, e conseguia entender todos os poemas que brotavam de nossos corações. Não havia mais nada a ser dito. As palavras já não eram mais necessárias, e tudo o que eu lhe precisava dizer, eu o fiz com aquele beijo.
Quando afastei o meu rosto do seu eu pude reparar no rubor de sua face e no jeito tímido em que ficou olhando fixamente para a estampa em minha camiseta.
Naquela tarde eu tive a certeza que algo havia mudado dentro de mim.
Minha alma estava em paz. Uma paz tão boa, que só é conquistada quando encontramos o verdadeiro amor.
...
Se repetiremos esta cena outra vez ou se para o nosso amor haverá um amanhã, eu já não sei. E por mais que me doa, eu não me preocupo com isso.
Enquanto eu levar comigo a descrição perfeita do seu rosto, o cheiro do seu perfume e o gosto do seu beijo, eu sei que no fundo do meu coração você estará para sempre comigo.
Aonde quer que você esteja meu amor... Levo você aqui comigo...
Relatos de um Cosmonauta apaixonado...
Olá Amigo Jean,
Lindo post e lindo texto sobre um amor que temos de começar a cultivar bem dentro do nosso interior.
Um beijo, um sorriso, o extase mais profundo do amor físico, as covinhas nas bochechas, etc., são apenas pequenas formas de partilhar o que está dentro de cada um.
E só a partilha é que vale.Ao partilharmos estamos a dar corpo e forma à lei da interacção das partículas subatómicas que são os constituintes de tudo o que existe.
Elas, as partículas, começam por se repelir mas acabam sempre por interagir umas com as outras. Caso não interajam, não há vida, nada se manifesta.
E guarde tudo dentro do seu coração. Mas não deixe que o passado comande a sua vida. Viva cada momento como se fosse o último. Viva no PRSENTE, no AGORA. Ele é tudo o que você tem.
O resto são apenas conjecturas.
Um grande abraço para si, meu amigo
José António