Ambições - 12/12/2008
Posted: sexta-feira, 12 de dezembro de 2008 by Jean in Marcadores: Pensamentos
Ninguém sabia de sua ambição secreta. Ninguém o acompanhou até a porta.
Sem diálogos Socráticos, e devaneios Kantianos, simplesmente saiu em silêncio.
Olhando por cima dos ombros, decidiu dar o primeiro passo rumo ao desconhecido.
Ele sabia que seu tempo era escasso, e também sabia que o preço era alto. Mesmo assim teve por iniciativa “nascer” de novo.
Não queria mais a velha vida, não queria mais sustentar os velhos vícios, e não queria mais saber da velha guitarra.
Decidiu que iria se mudar para outro planeta. Pensava que com isso ele se salvaria.
Enganou-se novamente.
A redenção não viria tão facilmente.
Era necessário mais do que simplesmente renunciar a sua própria vontade. Era necessária uma morte completa do seu ego e do seu egoísmo.
Algo que talvez ele nunca fosse capaz de conseguir. Algo que talvez nem quisesse de verdade.
O fato é que ele havia mudado. Pensamentos vãos davam lugar à reflexão. Compulsões e desejos à conscientização. Devaneios à filosofia.
E essa nova pessoa, nem diante do espelho era reconhecida. Era simplesmente novo.
E novamente...
Não era a primeira vez que procurava respostas, e nem a primeira vez que ostentava mudanças. Já perdia as contas de quantas vezes fugiu de casa e de quantos planetas estranhos visitou.
Carregava sobre os ombros o manto invisível da indiferença, e sobre a cabeça o elmo da sabedoria.
Mesmo sendo cosmonauta, recusava-se a ver o óbvio. Não queria saber de conversar. E procurava incansavelmente pelo espanto.
E assim seguia a vida, de luta em luta, de glória em glória, de derrota em derrota.
Estava tão fraco de lutar que desistiu. Tomou a mão sua velha espada de vãs palavras.
E decidiu adentrar a arena dos leões e encarar nos olhos de uma vez por todas a sua própria ignorância.
Se ele venceu, eu não sei. O que sei é que ele morreu. Algo morreu. Algo que não consigo explicar.
Morreu ao deixar de lado suas convicções. Morreu ao sucumbir nas garras do tédio. Morreu ao deixar de sonhar. Morreu ao tentar ser mais um. Apenas mais um na multidão.
Ele não era capaz de viver assim, sendo mais um.
No fim das contas, não sei bem quem ele queria ser.
Só sei o que ele não queria ser: Apenas mais um.