Uma história: Isabela
Posted: quarta-feira, 7 de abril de 2010 by Jean in
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Isabela se levantou bem cedo e decidiu que a partir de hoje não iria mais amar. Sua decisão era baseada em tentativas e em fracassos, e também era impulsionada tão somente com pela vontade em ser livre.
Livre pra poder sair pela rua sem se preocupar em encontrar o cara certo e livre pra se vestir de maneira a não chamar a atenção de ninguém. Sentir novamente aquela liberdade infantil em se tomar um sorvete sem se preocupar com as calorias ou se isso lambuzaria seu rosto de chocolate. Conseguir conversar novamente com rapazes sem aquele pensamento de que talvez aquele fosse o cara certo...
(...)
Ela até penteou seu cabelo castanho de um jeito diferente e decidiu que a partir de hoje não usaria mais salto e resgataria novamente o seu bom e velho All Star.
E assim ela saiu de casa, ás 08:40 da manhã de uma quarta feira fria de Curitiba vestindo um jean's básico, uma blusa preta de lã e seu All Star azul.
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Enquanto aguardava o ônibus que a levaria para o trabalho, ela pensava no quanto estava feliz por finalmente ter decidido algo em sua vida. Finalmente sua vida tomaria um rumo e o seu coração encontraria sossego. Ela não precisaria mais amar e nunca mais precisaria passar pelo "embaraço" do amor...
(...)
Amores? Quem precisa deles... Talvez Schopenhauer esteja certo em dizer que a única pessoa realmente feliz é a que não ama.
Amar? Agora não! Ela tinha que terminar sua faculdade, conseguir um bom emprego e ainda por cima contribuir ativamente com o orfanato do seu bairro.
Amar? Pra que? Somente pra se machucar e sofrer de ciúmes o tempo todo?
Não... Ela não precisava disso. Alías, ele já havia sofrido muito disso na vida...
(...)
Certa vez ela se apaixonara por um rapaz que conheceu na faculdade. Ele sairam algumas vezes, tomaram umas cervejas e uma química legal rolou entre eles. Iludiu-se.
Sexo, risos, beijos e afagos. Tudo parecia bem. Tudo estava bem. Ao menos na superfície... Um amor de corpo mas não de alma, infelizmente.
O que ela pensava ser amor, ele encarava apenas como tesão. O que ela queria que fosse pra sempre, ele apenas esperava pela próxima transa.
A cada dia que os dois passavam juntos, menos dias restavam pro trágico fim...
(...)
Com o passar dos dias o tesão dele acabou, mas o amor ingênuo dela permaneceu.
Uma voz fria do outro lado da linha sinalizava o fim da relação. Simples assim.
Sem saber o que dizer, Isabela somente desligou o telefone e torceu pra conseguir acordar daquele pesadelo...
(...)
Esse amor ingênuo já havia maltratado demais o coração dela. Essa dependência de um outro alguém já havia atormentado sua alma por tempo demais... Por tempo demais...
(...)
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Mas agora tudo era diferente, somente rosas lhe aguardavam pelo caminho.
Ao menos hoje, Isabela não iria amar ninguém. Ela seria livre pra ser e fazer o que quisesse...
Ao menos hoje ela saberia o que era conseguir respirar sem sentir aquela dorzinha no fundo do peito...
Só por hoje...